Psicologia como ciencia (texto)
Amaryllis Schviger
2009
Palavras-chave:
Psicologia como ciência
Há décadas a Psicologia tenta afirmar-se como uma ciência “igual às outras”. Psicólogos, sobretudo nos Estados Unidos, dedicam a maior parte das suas carreiras a executar experimentos em laboratórios que obedeçam aos parâmetros de ciência, ou seja, tratam de factos, fenômenos mensuráveis, quantificáveis, e que podem ser replicados por outros cientistas em iguais condições. Penso que essa é uma tarefa inglória. Os fenómenos humanos são de tal complexidade, de tal diversidade, que a metodologia científica clássica nunca dará conta de apreende-los tal como são. O que não quer dizer que os experimentos sejam inúteis. Por exemplo a neurociência e suas incríveis descobertas, muitas das quais reafirmam o que a clínica psicológica há muito conhecia. Com frequência, os experimentos e pesquisas empíricas servem para que os psicólogos consiguam financiamento para os seus trabalhos, ou seja, garantirem um emprego, uma fonte de renda para sua actividade laboral, uma vez que as agências financiadoras valorizam, em maioria, pesquisas que consideram “científicas”. É preciso olhar para as conseqüências desse facto: as pesquisas científicas eventualmente conduzirão à descoberta de medicamentos – logo a indústria farmacêutica tem interesse nelas e financiam-nas. E as universidades precisam desses financiamentos para sustentarem os seus departamentos de Psicologia.
Um outro ponto é a procura da “respeitabilidade” oferecida pela ciência. Se a Psicologia não pertence à área privilegiada da ciência, os profissionais que a ela se dedicam são de “segunda classe”, os seus rendimentos financeiros pequenos, o seu lugar na academia será sempre precário, dependente de fundos universitários orientados muito mais para as pesquisas tecnológicas.
Por mais que todos os dias falemos da rapidez da informação, da “aceleração do tempo”, das mudanças incessantes trazidas pela