Psicologa
Murillo José Digiácomo1
O atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência, abuso ou exploração sexual, sem dúvida, representa uma das tarefas mais complexas e delicadas dentre todas as desempenhadas pelos diversos integrantes do “Sistema de Garantias dos Direitos da Criança e do
Adolescente”, que precisam ter o máximo de cautela para, de um lado, com a urgência devida, colher os elementos necessários à responsabilização dos agentes e, de outro, evitar que as vítimas tenham violados seus direitos fundamentais à inviolabilidade da integridade física e psíquica, à intimidade, à privacidade ou sejam expostas a situações constrangedoras e/ou potencialmente traumáticas.
Tendo em vista que tais ocorrências demandam a intervenção das mais diversas autoridades, órgãos e equipamentos públicos, mais do que em qualquer outra situação se faz necessária a integração operacional entre os mesmos, que deverão articular ações e efetuar um “planejamento estratégico” acerca das intervenções a serem realizadas, como parte de uma política pública específica, de cunho intersetorial, elaborada e executada por meio de profissionais qualificados.
E isto é um enorme desafio a ser enfrentado, pois demanda a adequada compreensão acerca do papel de cada um dos diversos “atores” que devem intervir no caso, que precisam “somar esforços” na busca da solução que melhor atenda aos interesses das vítimas (no que diz respeito à sua proteção e amparo, que devem ser também estendidos às suas famílias) e da própria sociedade (através da rápida e eficaz responsabilização dos agentes, de modo que não continuem a praticar atos semelhantes).
Em muitos casos, no entanto, percebe-se uma certa “confusão de papéis” entre alguns desses “atores”, que apesar de estarem imbuídos da melhor das intenções, ora