psico
Embora os instrumentos e ferramentas, destinados a produzir algo além e totalmente diferente do mero uso, sejam de importância secundária para a atividade do labor, o mesmo não se aplica ao outro grande princípio do processo da lide humana, a divisão do trabalho (enquanto labor). A divisão do labor é, segundo Arendt (2007), realmente, resultado direto do processo de labor, e não deve ser confundido com o princípio, aparentemente semelhante, da especialização que prevalece nos processos de trabalho e com o qual não deve ser equacionada. A especialização do trabalho e a divisão do labor têm em comum somente o princípio geral da organização, princípio este que, em si, nada tem a ver com o trabalho ou o labor, mas deve sua origem à esfera de vida estritamente política, ao fato de que o homem é capaz de agir, e de agir na companhia e em acordo com os outros. Somente dentro da estrutura da organização política, onde os homens não apenas vivem, mas agem juntos, podem ocorrer a especialização do trabalho e a divisão do labor.
Contudo, cabe enfatizar que, conforme Arendt (2007), enquanto a especialização do trabalho é essencialmente guiada pelo próprio produto acabado, cuja natureza é exigir diferentes habilidades que, em seguida, são reunidas e organizadas em um conjunto, a divisão do labor, pelo contrário, pressupõe a equivalência qualitativa de todas as atividades isoladas para as quais nenhuma qualificação é necessária; e estas atividades não têm uma finalidade em si mesmas, mas representam, de fato, somente certas quantidades de ‘labor power’, somadas umas às outras de