Psico Art 1 Tempos De Colera No Amor
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outubro DE 2011
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PESQUISA FAPESP 188
[ PSICOLOGIA ]
Tempos de cólera no amor
Namorados adolescentes usam violência como forma de comunicação ilustração Caeto Melo
O
refrão da música de Belchior renova-se a cada geração como uma maldição sem antídoto: “Minha dor é perceber/
Que apesar de termos feito tudo o que fizemos/ Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”. É o que revela a pesquisa Violência entre namorados adolescentes (lançada agora em livro, Amor e violência, pela Editora Fiocruz), feita entre 2007 e
2010 a pedido do Centro Latino-Americano de
Estudos da Violência e Saúde Jorge Careli (Claves/Fiocruz) e coordenada por Kathie Njaine, professora do Departamento de Saúde Pública da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
O projeto reuniu um grupo de 11 pesquisadores de diversas universidades para investigar a violência nas relações afetivo-sexuais de “ficar” ou namorar entre jovens de 15 a 19 anos de idade, a partir de um universo de 3,2 mil estudantes de escolas públicas e privadas de 10 capitais brasileiras. “Os jovens de hoje, ao mesmo tempo que recriam novas formas e meios de se relacionar, em que o ‘ficar’ e o uso da internet para interação amorosa e sexual são o novo, repetem e reproduzem modelos relacionais tradicionais e conservadores, como o machismo e o sentimento de posse, expressos em suas falas e no trato com o parceiro e a parceira”, afirma a pesquisadora. Talvez até com maior intensidade do que faziam nossos pais.
Praticamente, nove em cada 10 jovens que namoram praticam ou sofrem variadas formas de violência e para marcar território casais jovens recorrem à violência para controlar seus
parceiros, e a agressão virou sinônimo de domínio nas relações amorosas desses adolescentes.
“Creio que a violência vem se tornando uma forma de comunicação entre muitos jovens, que alternam os papéis de vítima e autor, de acordo com o momento e o meio em que vivem. Esses atos estão se banalizando a ponto de serem incorporados