Psicanálise e Instituições
A sociedade é constituída por instituições e vivemos submetidos às suas leis.
Sem as instituições, nosso viver coletivo seria impossível. As instituições são tentativas de minorizar os sofrimentos decorrentes do nosso viver subjetivo e coletivo, são esforços que fizemos no sentido de obter acordos, barganhas, transgredir sem conseqüências e obedecer para ganharmos prêmios ou reconhecimento.
Freud escreveu vários textos sobre a relação do homem com o seu meio. Nestes textos ele percorre caminhos da religião, antropologia, mitologia. No “Totem e Tabu” (F.1913), Freud tenta explicar como se deu a instalação dos totens nas comunidades primitivas, sua constituição e funções protetora e proibitiva, a partir do “mito” da Horda Primitiva, onde um pai forte e brutal, dono de todas as mulheres, expulsa os filhos homens quando chegam à idade de procriar. Estes filhos um dia se rebelam, se unem e matam o pai, para depois comê-lo, num banquete ritual. Daí Freud deduz a universalidade de dois desejos recalcados: o incesto e o desejo de matar o pai, desejos cuja expressão se apresentam no Complexo de Édipo. “... nossas leis, normas, regras. Proibições que funcionam de forma imperativa parecem remeter aos primitivos tabus” (FREUD, Totem e Tabu, 1913).
Neste texto Freud também nos mostra o peso que uma idéia de ordem mística tem para os homens na sua busca de amparo e proteção, e como estas idéias também implicam numa exigência de submissão e castigo para os devedores.
Em Psicologia das Massas e Análise do Eu (F.1921) Freud mostra o que para ele é central em seus trabalhos sobre as relações entre os homens, como o ser humano administra a satisfação de suas pulsões na relação com outro ser humano que também almeja satisfação pulsional, e como lidar com essa satisfação num coletivo, onde as regras são iguais para todos. “... É verdade que a psicologia individual relaciona-se com o homem tomado individualmente e explora os caminhos pelos quais ele