psicanalise
Avaliação de déficits cognitivos em moradores com mais de 65 anos de um albergue público.
Introdução
O envelhecimento populacional é um fenômeno global. Segundo estimativas da ONU (Organização das Nações Unidas, 1991), em 2050, há perspectivas de que os idosos representem 17% de um total de 9 bilhões, sendo os países em desenvolvimento com as maiores previsões de envelhecimento: cerca de quatro vezes (ONU, 1991). No caso do Brasil, o envelhecimento da população está ocorrendo com maior velocidade. Em 2000, essa população representou 5,3% dos brasileiros. Projeções apontam que em 50 anos terá chegado a 50 milhões, cerca de 22% da população do país (IBGE, 2002).
Nesse sentido, para atender às necessidades de saúde dessa população, devem-se conhecer quais agravos ocorrem com maior freqüência nessa faixa etária. O déficit cognitivo se apresenta em destaque nos idosos; porém, existem escassos trabalhos publicados sobre esse tema nos países em desenvolvimento (Scazufca et al., 2002).
E se, por um lado, o envelhecimento global tem conferido aos idosos grande importância, o crescimento da exclusão social também tem tido o mesmo efeito sobre a sociedade. Entre este, destacam-se os moradores de rua que representam a linha final de um processo crônico de exclusão social.
Essa população revela um aspecto grave da extrema pobreza, com vulnerabilidade a múltiplos fatores de risco para a saúde (Rosa, 1995). As principais causas de morte são os acidentes provocados pelo uso de bebidas alcoólicas, desnutrição, tuberculose, outras doenças respiratórias, Aids etc. Essas condições adversas de sobrevivência podem, também, desencadear problemas mentais orgânicos (Arce et al., 1983).
Desde a década de 1980, há uma mudança nas características sociodemográficas e de transtornos mentais na população em situação de rua em todo o mundo. Essa nova população é composta principalmente pelo sexo masculino, na condição de solteiro, analfabeto,