Psicanalise

4943 palavras 20 páginas
Jacques Lacan nasceu em 1901. Seria preciso apenas vinte e cinco anos para que começassem a despontar no palco do mundo os efeitos desse nascimento. Após 1920, Freud introduziu o que irá chamar de segunda tópica: uma tese que torna o “eu” (ego) , uma instância reguladora entre o “isso” (id- fonte das pulsões), o supereu (superego- agente das exigências morais) e a realidade (lugar onde se exerce a atividade). Pode surgir, no neurótico, um reforço do eu, para “harmonizar” essas correntes, como uma finalidade de tratamento. Ora, Lacan faz sua entrada no meio psicanalítico com uma tese completamente diferente: o eu, escreveu ele, constrói-se à imagem do semelhante e primeiramente da imagem que me é devolvida pelo espelho- este sou eu.
O investimento libidinal desta forma primordial, “boa”, porque supre a carência de meu ser, será a matriz das futuras identificações. Assim, instala-se o desconhecimento em minha intimidade e, ao querer forçá-la, o que irei encontrar será um outro; bem como uma tensão ciumenta com esse intruso que, por seu desejo, constitui meus objetos, ao mesmo tempo em que os esconde de mim, pelo próprio movimento pelo qual ele me esconde de mim mesmo. É como outro que sou levado a conhecer o mundo: sendo, desta forma, normalmente constituinte da organização do “je” (eu inconsciente, Isso, Id), uma dimensão paranóica. O olhar do outro devolve a imagem do que eu sou. O bebê olha para a mãe buscando a aprovação do Outro simbólico.
O artigo “O Estádio do Espelho como formadora da Função do ‘jé’” foi apresentado, em 1936, ao Congresso internacional de psicanálise, sem encontrar outro eco senão o toque de campainha de E.Jones, interrompendo uma comunicação demasiado longa. Sua reapresentação em Paris, em 1947, não suscitou maior entusiasmo.
O termo “Estádio do Espelho” teria sido inventado por Henri Wallon entretanto Lacan apresentou com uma outra forma. Ele apresenta iniciando com um mito e apóia-se na idéia de que o ser humano é um ser prematuro no

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