Psicanalise clinica
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
DIEMERSON SAQUETTO
A IMPORTÂNCIA DA FUNÇÃO PATERNA NA FORMAÇÃO DA NEUROSE OBSESSIVA: O CASO HOMEM DOS RATOS
VITÓRIA
2008
A Importância da Função Paterna na Formação da Neurose Obsessiva: O caso Homem dos Ratos
“(...) Existe sempre uma semente de verdade histórica por trás de fantasias aparentemente mitológicas” (Freud, 1909, p.212 – nota de rodapé).
Freud assinala no início de sua apresentação de Notas sobre um Caso de Neurose Obsessiva (1909), caso que ficara conhecido como “Homem dos Ratos”, a seriedade e a dificuldade de se compreender uma neurose obsessiva, visto que é esta modalidade de neurose, um dialeto da linguagem da histeria (p.160) [1]. Ademais o neurótico obsessivo procura menos um “tratamento”, se comparado em proporcionalidade com a histeria, mesmo como forma de se evitar uma conversão histérica, intentada no âmbito analítico. Deparamo-nos, portanto, com uma dupla jornada de dificuldades a nós imputada, uma vez que diante do hercúleo já profetizado por Freud, ainda nos esbarra o intuito de versar sobre a função paterna, hodierna no seio lacaniano, como hermenêutica suficientemente elucidatória do caso anunciado por Freud. Sobram gigantes e moinhos por detrás de um pai, uma dama, ratos e contradições.
Todavia, antes de adentramo-nos, no caso do Homem dos Ratos, em uma narrativa que nos permita visualizar como é processado o funcionamento da função paterna, há que se delimitarem fronteiras mínimas que sirvam como definidoras da geografia psíquica do neurótico obsessivo, caracterizado por: idéias obsessivas, que seriam autocensuras transformadas que reemergiriam da repressão, marcadas pelo signo de algum ato de natureza sexual produzido na infância. Sobre as idéias obsessivas formam-se defesas marcadas pelo uso da razão, racionalizando um desejo de maneira a atribuir-lhe uma lógica deslocada para um epicentro