pscologia aplicada ao direito
A família era tudo, nada menos. Seguindo a tradição da época em que os portugueses se instalaram no Brasil, a família não se compunha apenas de marido, mulher e filhos. Era um verdadeiro clã, induindo a esposa, eventuais (e disfarçadas) concubinas, filhos, parentes, padrinhos, afilhados, amigos, dependentes e ex-escravos. Uma imensa legião de agregados submetidos à autoridade indiscutível que emanava da temida e venerada figura do patriarca. Temida, porque possuía o direito de controlar a vida e as propriedades de sua mulher e filhos; venerada, porque o patriarca encarnava, no coração e na mente de seus comandados, todas as virtudes e qualidades possíveis a um ser humano.
A família patriarcal era, portanto, a espinha dorsal da sociedade e desempenhava os papéis de procriação, administração econômica e direção política. Na casa-grande, coração e cérebro das poderosas fazendas, nasciam os numerosos filhos e netos do patriarca, traçavam-se os destinos da fazenda e educavam-se os futuros dirigentes do país. Cada um com seu papel, todos se moviam segundo intensa cooperação. A unidade da família devia ser preservada a todo custo, e, por isso, eram comuns os casamentos entre parentes. A fortuna do clã e suas propriedades se mantinham assim indivisíveis sob a chefia do patriarca.
Nos primeiros anos da República, a família patriarcal começa a mostrar sinais de fraqueza. Não que ela fosse incompatível com o novo regime. São as cidades, as novas profissões, a luz elétrica, os bondes, os imigrantes, as lojas comerciais, as indústrias, que ameaçam o patriarca.
Antes, ele podia manter seu extenso clã no mais completo isolamento. Seus agregados, famílias inteiras submetidas a ele, podiam ser ricos ou pobres, não importava, pois eram todos igualmente da grande Família. Trabalhavam em suas terras e obedeciam. Pouco a pouco, o patriarca é obrigado a se relacionar com os outrora indesejáveis elementos "de fora". Os filhos serão matriculados na Faculdade de