Prólogo de Viagens na Minha terra
“Os editores desta obra, vendo a popularidade extraordinária que ela tinha alcançado quando publicada em fragmentos na Revista, entenderam fazer um serviço às letras e à glória do seu país, imprimindo-a agora reunida em um livro, para melhor se poder avaliar a variedade, a riqueza e a originalidade do seu estilo inimitável, da filosofia profunda que encerra e sobretudo o grande e transcendente pensamento moral a que sempre tende, já quando folga e ri com as mais graves coisas da vida, já quando seriamente discute por suas leviandades e pequenezas”. Assim se inicia este prólogo, mostrando-nos que esta obra será repleta de qualidades literárias e linguísticas, tão grandes que a edição do livro é considerada um “serviço” ao país, logo aqui podemos verificar que a modéstia é uma palavra que não faz parte no vocabulário dos editores, mais tarde veremos que também não faz parte do nosso autor. Tendo em conta que os nomes dos editores nunca são revelados não se sabe se os editores e o autor não são a mesma pessoa. Este exibicionismo é a prova que há segurança na escrita mostrando que quem escreve tem consciência da sua capacidade.
O prefácio do livro começa repleto de elogios ao autor, no entanto sem referir o seu nome, dá-nos informação sobre a edição da obra, assim como nos elucida em relação ao escritor da mesma, referindo que será (como será de esperar de Almeida Garrett) uma obra erudita e rica no contexto literário.
Nas décadas de 30 a 50 do século XIX, no contexto português era usual a publicação dos textos em folhetins antes de serem publicados em livros.
“Viagens na minha terra” de Almeida Garrett não foram exceção, publicada em folhetins na Revista Universal Lisbonense ficando assim popular e tendo uma grande importância. É necessário ainda salientar que a obra foi divulgada em duas fases. A primeira em 1843 onde a polémica de alguns dos capítulos revelados foi