Pré gistoria
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Os progressos da Arqueologia pré-histórica tornaram obsoletas certas teorias que negavam a existência de religião entre os homens da Idade da Pedra. Dos três elementos da religião, dogma, moral e culto, este ultimo é o único que possui diretamente efeitos expressivos, sensíveis e duráveis, estando geralmente ligado a objetos materiais e a gestos do corpo. Ainda é necessário interpretar o que se encontra desses objetos, aquilo que pode sobreviver dos vestígios desses gestos. Do culto consegue-se, em certa medida, chegar ao dogma e à moral.As descobertas de caráter funerário permitem supor que as preocupações do homem paleolítico ultrapassavam os limites da vida presente. O culto dos crânios (cuja prova mais antiga foi encontrada na caverna de Chu-Ku-Tien, na China) e um dos primeiros fatos que chamam a atenção do estudioso das crenças na Idade da Pedra. Note-se que os processos observados na supracitada caverna se aproximam de costumes praticados entre os Andamans, do Oceano Indico, onde ossadas de um cadáver inumado são, no momento propicio, desenterradas cerimoniosamente e, depois de lavadas no mar, transportadas à aldeia onde são acolhidas pelas lamentações das mulheres. Os crânios e queixadas dos parentes, assim conservados, são levados ao pescoço pelos familiares, enquanto as outras partes do esqueleto não são objeto de tantos cuidados. Em certas circunstancias, os restos participam das festas familiais, e nesta ocasião são ungidos de gorduras ou de óleo. Trata-se, portanto, de relíquias e não de troféus, é a veneração que se lhes dedica e conseqüência direta dos liames afetuosos que unem então o mundo dos vivos ao dos mortos, supondo igualmente uma noção de consciência de uma continuidade entre as duas coletividades. Voltando para tomar seu lugar na comunidade familial, esses mortos recebem um lugar de honra ao lado de seus descendentes.
É curioso notar que, ao lado do culto de crânios humanos, desenvolveu-se também o culto de crânios de certos animais, como,