Capitu Capitu estava ao pé do muro fronteiro, voltada para ele, riscando com um prego. O rumor da porta _________ olhar para trás; ao dar comigo, encostou-se ao muro, como se quisesse esconder alguma cousa. Caminhei para ela;naturalmente levava o gesto mudado, porque ela veio a mim, e perguntou-me inquieta: – Que é que você tem? – Eu? Nada. – Nada, não; você tem alguma cousa. Quis _________ que nada, mas não achei língua. Todo eu era olhos e coração, um coração que desta vez ia sair, com certeza, pela borá fora. Não podia tirar os olhos daquela criatura de quatorze anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de ________, meio desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas atadas uma à outra, à moda do tempo, desciam-lhe pelas costas. Morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo. As mãos, a despeito de alguns ofícios rudes,eram curadas com amor; não cheiravam a sabões finos nem águas de toucador, mas com água do poço e sabão comum traziaas sem mácula.Calçava sapatos de duraque, rasos e velhos, a que ela mesma dera alguns pontos. – Que é que você tem? Repetiu. – Não é nada, balbuciei finalmente. E emendei logo: – É uma notícia. – Notícia de que? Pensei em dizer-lhe que ia entrar para o seminário e espreitar a impressão que lhe faria. Se consternasse, é que realmente gostava de mim; se não, é que não gostava. Mas todo esse cálculo foi obscuro e rápido; senti que não poderia falar claramente, tinha agora a vista não seu como... – Então? – Você sabe... Nisto olhei para ao muro, o lugar em que ela estivera riscando, escrevendo ou esburacando... Vi uns riscos abertos, e lembrou-me o gesto que ela fizera para cobri-los. Então quis vê-los de perto, e dei um passo. Capitu agarrou-me, mas, ou por temer que eu acabasse fugindo, ou por negar de outra maneira, correu adiante e apagou o escrito.Foi o mesmo que acender em mim o desejo de ler o que era. Assis, Joaquim Maria Machado de. “Capitu” In: Dom