"Comecei a fazer programa há seis meses. Antes, eu trabalhava como babá e no meu último emprego ganhava R$ 400 por mês. Hoje, ganho R$ 1.600 por dia. Estava desempregada há mais ou menos um ano e lendo os classificados de emprego acabei parando na parte de garotas de programa. Vi que elas ganhavam em uma hora o que eu levava um mês para receber, aturando patrão. Procurei uma agência, fui entrevistada e no mesmo dia comecei a trabalhar. O primeiro homem já estava lá me esperando, um coroa que devia ter uns 50 anos. A dona fez questão de dizer que era a minha estréia em programa. Deu nojo, queria que acabasse logo. Faço programas principalmente na Barra da Tijuca (bairro nobre do Rio). Geralmente os homens, em sua maioria casados, marcam em motéis, poucos são em casa. Quando eu comecei tinha namorado, mas com o tempo fui tomando nojo de homem. Eles são todos iguais: traem as mulheres. Tem cara que chega no motel e liga para a mulher todo cheio de amorzinho. Dizem que sair com prostituta não é traição, mas eu acho que é. Sempre que eu saio para um programa eu sinto uma angústia, um medo de não voltar mais, de encontrar alguém violento, que não queira pagar. Antes eu trabalhava com agência, mas agora faço tudo sozinha, me exponho mais. Não tive muita chance na vida, fiz o Segundo Grau, mas quero mudar. Não sei bem o que eu quero da vida, mas o que eu não quero eu sei: não quero continuar fazendo programa. Tenho clientes fixos, que aparecem toda semana, com a mesma história. Já recebi propostas de casamento, mas eu não aceito, porque eu sei que o cara vai se casar comigo numa semana e na outra estará na cama com prostituta. Já ganhei uma moto de um cliente, que eu vendi. Em pouco tempo, eu consegui pagar todas as minhas contas e comprar computador, roupa, celular da moda, tudo. O difícil de largar essa vida é se conformar em trabalhar depois para ganhar uma mixaria. Minha mãe sabe o que eu faço, só ela. Eu tive uma briga com uma das meninas da agência e ela de