Prostituição
UMA RELEITURA CONCEITUAL DA MORTE COMO FATOR DE COESÃO SOCIAL
“O Homem, desde que nasce, é já suficientemente velho para morrer”
(Heidegger)
Kleber de Souza Silva1
RESUMO
Esse ensaio procura analisar o lugar das urnas funerárias de cerâmica no contexto dos rituais fúnebres. A proposição de analisarmos, mesmo sem dados etnográficos, as urnas encontradas no Museu Histórico de Cáceres passa necessariamente pelo auferimento das práticas mortuários dos povos brasilianos, das etnias presentes em nosso passado regional. Por fim, o cuidado com o de cujus no “serviço fúnebre” vem demonstrar a unicidade que tal momento traz à coletividade, alertando-nos para as consequencias do pós-modernismo em verdadeira pedagogia da morte.
Palavras Chaves: Cerâmicas – Urnas Mortuárias ou igaçabas – Tupi-Guarani – Guató – Prática Descalvado – Museu Histórico de Cáceres – Pedagogia da Morte.
INTRODUÇÃO
Ao visitarmos os museus e depararmo-nos com as exposições arqueológicas e etnográficas dos índios brasileiros é impossível quedarmos inerte frente às majestosas e belas artes em cerâmicas. Em especial, sempre nos deparamos com um paradoxo sentimental: a face sombria e ao mesmo tempo instigante das urnas funerárias – também conhecidas como igaçabas.
A análise, mesmo que perfunctória, nos revela que a utilização de tais apetrechos cerâmicos como urnas de sepultamento indicam a complexa e elaborada rede de signos sociais que cercam o ritual post mortem. Signos que, apesar de não possurem registro etnográfico algum – in casu as do Museu Histórico de Cáceres, nos levam a crer que encontram-se ramificações e influências daquelas praticadas pelo tronco Tupi-Guarani.
Mesmo diante da fragilidade epstemológica legada, nos resta adentrarmos em um discurso histórico sem desprezarmos as variáveis múltiplas existentes em outras pesquisas2.
DAS PRÁTICAS FUNERAIS INDÍGENAS
Sabe-se que a prática de sepultamentos primários e/ou secundários em urnas