Projeto de pesquisa

UM PARAÍSO DE ÁGUA E LAMA E O OFICIO DO CARANGUEJEIRO:
UM BREVE ESTUDO SOBRE O SABER PESCAR CARANGUEJO NO DISTRITO DE VÁRZEA
NOVA – SANTA RITA - PB
Azemar dos Santos Soares Júnior
Universidade Estadual da Paraíba - UEPB

“Os mangues são o paraíso do caranguejo. Se a terra foi feita para o homem, com tudo para servi-lo, o mangue foi feito especialmente para o caranguejo. Tudo ai é, foi, ou está para ser caranguejo, inclusive a lama e o homem que vive nela. A lama misturada com urina, excremento e outros resíduos que a maré traz. Quando ainda não é caranguejo, vai ser. O caranguejo nasce nela, cresce comendo lama, engordando com as porcarias dela, fabricando com a lama a carninha branca de suas patas e a geléia esverdeada de suas vísceras pegajosas. Por outro lado, o povo vive de pegar caranguejo, chupar-lhe as patas, comer e lamber os seus cascos até que fiquem limpos como um copo e com sua carne feita de lama fazer a carne do seu corpo e a do corpo de seus filhos” (CASTRO, 2003, p. 8).

A descrição feita na epigrafe revela os milhares de homens e mulheres que sobrevivem do mangue, especificamente da pesca do ciclo do caranguejo. São homens e mulheres que se alimentam da carne do caranguejo; tudo o que o organismo não aproveita é expelido em forma de excremento que é direcionado para a lama voltando a tornar-se caranguejo. São milhares de cidadãos, inúmeras comunidades que sobrevivem do que o mangue lhes oferta. Através de entrevistas realizadas com profissionais da pesca do caranguejo, conhecidos por caranguejeiros, que este trabalho se posiciona.
O distrito de Várzea Nova, localizado na cidade de Santa Rita – Pb, possui um grande número de caranguejeiros, que acordam, de acordo com o Sr. Sebastião, entre “às quatro e cinco horas da manhã” para saírem em direção ao mangue e, assim, garantir o sustento da família. São cidadãos que aprenderam a pegar o caranguejo observando seus pais pegarem. Este trabalho não é apenas um estudo de caso,