projeto de monografia
O projeto de pesquisa apresentado a seguir pretende analisar os principais fatores que conduziram a cafeicultura do Vale do Paraíba a progressiva decadência em fins do século XIX. Pretendemos ir além das causas apontadas pela historiografia tradicional. Essas correntes atribuem ao conservadorismo dos cafeicultores fluminenses como a causa principal dessa decadência. Dentro dessa perspectiva historiográfica os fazendeiros da província do Rio de Janeiro são enxergados de maneira preconceituosa e pejorativa, sobretudo quando são descritos como apegados à escravidão e resistentes ao trabalho livre, o que na verdade será desvendado mais adiante como mero juízo de valor e não como um fato concreto. Tal juízo traz consigo graves prejuízos à historiografia e atinge até mesmo campos educativos. Ao debruçar-se sobre o tema podemos detectar que a crise da cafeicultura do Vale do Paraíba é apresentada em alguns livros didáticos como produto da mentalidade atrasada dos barões do café, em contraponto aos empresários paulistas de visão empreendedora e progressista.
Não pretendemos negar a recusa desses a uma eminente abolição do trabalho escravo sem indenizações e sem garantias da continuidade do provimento de mão-de-obra, o que é ponto pacífico entre a maioria dos historiadores.
Pretendemos problematizar o binômio conservadores/empreendedores atribuídos aos cafeicultores do Vale do Paraíba e do Oeste Paulista respectivamente. São, basicamente, a partir desses conceitos e dos seus sinônimos que são formuladas as visões de superioridade e progresso dos fazendeiros do oeste paulista em detrimento dos do Vale do Paraíba.
Baseamo-nos em autores como Marcos José Veroneze Soares, que em sua dissertação de mestrado aponta a posição de Jacob Gorender que questiona profundamente as concepções historiográficas que assinalam a presença de uma “nova classe empresarial”, denominação atribuída inicialmente por Celso Furtado aos cafeicultores de uma maneira geral sem distinção