Professora
Eles precisam roubar para conseguir uma roupa melhor que não seja os farrapos que estão acostumados a vestir, roubam para poder comer e às vezes, até por prazer. Outra forma de sobrevivência que alguns meninos conseguiram encontrar é fazer serviço pra gente grande. No Ponto das Pitangueiras eles combinam um serviço de levar um embrulho até certo local e trocar, o que sempre fazem com sucesso e ganham dinheiro por isso.
Uma das passagens emocionante do livro é quando um carrossel, que não era novo, mas com sua velhice ainda dava pra encantar todos os Capitães da areia, principalmente o Sem-Pernas, que ajudou a montar o aparelho e chamou o resto pra poderem contemplar também. Foi um momento único de paz interna para os meninos que levavam uma vida tão dura. “Neste momento de música eles sentiram-se donos da cidade. E amaram-se uns aos outros, se sentiram irmãos porque eram todos eles sem carinho e sem conforto e agora tinham o carinho e conforto da música.”
Foram forçados a serem adultos, pois já viveram de tudo, embora ainda sejam crianças. Alguns, nem o pai conheceram como é o caso de Pedro Bala, que um dia vai às docas falar com João de Adão, que começa a falar sobre o seu pai. O menino imagina seu pai como um herói, pois era um militante que organizava greves para reivindicar melhores condições a classe trabalhadora. E deseja ser igual a esse homem que não conheceu, mas que carrega o sangue e jura que também irá lutar pelos direitos de pessoas mais vulneráveis. Falando de “família” acontece