Professora
OBRA: CÂNTICO NEGRO
Michelly Fernandes Maia*
José Régio, pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira, foi um escritor português que viveu grande parte da sua vida na cidade de Portalegre. Foi possivelmente o único escritor em língua portuguesa a dominar com igual mestria todos os géneros literários: poeta, dramaturgo, romancista, novelista, contista, ensaísta, cronista, jornalista, crítico, autor de diário, memorialista, epistológrafo e historiador da literatura, para além de editor e diretor da influente revista literária Presença. Ele faz parte do movimento Presencismo, que defendia uma “literatura viva”, espontânea, original, pessoal, contra a “literatura livresca” acadêmica, ou com outros fins não os éticos. Falando de José Régio vale ressaltar que o centro de sua obra, especialmente a poética é representado pelo diálogo entre Homem e Deus. O poeta é egocêntrico, o seu debate íntimo nasce do fato de sentir a necessidade do Absoluto, sendo assim o poeta fica entregue a visão da transcendência, ao mesmo tempo temida e desejada. Dessa atmosfera dramática, trágica, brota uma obra forte, quente e austera como poucas. José Régio embora não seja um contista autentico é sempre um prosador de primeira ordem. Sendo a característica mais marcante do autor o duelo entre deísmo e demonismo é também o tema principal da poética “Cântico Negro”. A poesia de José Régio fala dos caminhos, dos “chamados” (do bem, do mal) e do caminho percorrido por ele. O autor se coloca num meio termo como se não optasse pelo bem, mas também como se não cursasse o caminho do mal. Podemos notar nos versos abaixo:
O autor se coloca a mercê das vontades de Deus e do diabo:
“Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.”
Característica egocêntrica:
“Ninguém me diga: “vem por aqui”!”
Dialogo entre homem, Deus e o diabo:
“Se ao que busco saber nenhum de vós responde”
Intransigente:
“E cruzo os braços
E nunca vou por ali”