Professor
MARCIO GIMENES DE PAULA
O ESTADO E O INDIVÍDUO: O CONCEITO DE LIBERDADE EM JOHN STUART MILL
Marcio Gimenes de Paula*
Ao tratarmos da temática da liberdade na obra de John Stuart Mill (1806-1873), duas questões nos parecem essenciais: a primeira é até que ponto podemos considerar cada ser humano livre e até que ponto esta liberdade é limitada pela própria sociedade; a segunda é como a liberdade individual pode ser preservada tanto do totalitarismo como do anarquismo. É importante notar que, no entender do autor inglês, a liberdade não é um tema abstrato ou ligado à liberdade do querer, isto é, a chamada liberdade filosófica, antes ela é vista no seu sentido social, tal como aparece na sua obra Sobre a liberdade:
O assunto deste ensaio não é a chamada liberdade do querer, tão infortunadamente oposta à doutrina mal denominada “da necessidade filosófica”; e sim a liberdade civil ou social: a natureza e os limites do poder que a sociedade legitimamente exerça sobre o indivíduo. Uma questão raramente exposta, e quase nunca discutida, em tese, mas que influencia profundamente as controvérsias políticas da época, pela sua presença latente, e na qual talvez se reconheça a questão vital do futuro. Está tão longe de ser nova que, num certo sentido, tem dividido a humanidade desde, quase, as mais remotas idades. Mas no estágio de progresso em que as porções mais civilizadas da espécie entraram agora, ela se apresenta sob novas condições e requer um tratamento diferente 1 e mais profundo.
Resumo: O objetivo do presente trabalho é discutir o conceito de liberdade em duas obras de Mill: Sobre a liberdade e Considerações sobre o governo representativo. O intuito é analisar a relação entre o Estado e o indivíduo. A liberdade de pensamento do indivíduo, segundo o filósofo, deve ser total. Contudo, a liberdade possui o aspecto social, isto é, alguns limites para a ação e vida em comum. Em outras palavras, o intuito deste artigo é analisar a proposta do pensador