Professor
Escola Cidadã: A hora da sociedade
Moacir Gadotti
José Eustáquio Romão
Toda escola pode ser cidadã enquanto visar a educação para a formação de uma cidadania ativa. A educação básica é o bem muito precioso e de maior valor para o desenvolvimento, mais do que as suas riquezas naturais. Só a educação básica de qualidade para todos pode acabar com a miséria.
Mas, investir mais em educação hoje no Brasil, sem rever o modelo de gestão da escola pública, não é suficiente para reverter o processo de deterioração do ensino básico.
No Brasil, o tema da autonomia da escola encontra suporte na própria Constituição promulgada em 1988, que institui a “democracia participativa” e criam instrumentos que possibilitam ao povo exercer o poder “diretamente”. Na história das ideias pedagógicas, a autonomia sempre foi associada aos temas da liberdade individual e social, da ruptura com esquemas centralizadores e, recentemente, da transformação social. Pode-se dizer que a autonomia faz parte da própria natureza da educação.
A autonomia é “real”, diz Georges Snyders, “mas a conquistar incessantemente (...) é muito menos um dado a constatar do que uma conquista a realizar”. Autonomia não pode ser confundida com autogestão. Nas teorias da educação, a autogestão pedagógica sempre foi considerada como alavanca da autogestão social. A teoria pedagógica não é nada sem a ética.
Autonomia e autogestão constituem-se em horizonte de construção de relações humanas e sociais civilizadas e justas. Por isso, ambas estão fundadas na ética.
O sentido que aqui nos interessa, para compreender melhor a organização do trabalho na escola cidadã, pressupõe o fato de que uma das formas fundamentais de exercício da opressão é a divisão social do trabalho entre dirigentes e executantes.
A divisão social do trabalho na escola é agravada pelo fato de ela ser justificada pela “competência”, separando “especialistas” de professores. O que chamamos de escola cidadã se constitui no resultado