Professor
O Multiculturalismo e a diferença são questões centrais na teoria educacional. O que causa estranheza nessas discussões é, entretanto, a ausência de uma teoria da identidade e da diferença.
Na perspectiva da diversidade, a diferença e a identidade tendem a ser naturalizadas. A identidade é simplesmente aquilo que se é e só tem como referência a si própria: ela é autocontida e autossuficiente.
“A afirmação ‘sou brasileiro’, na verdade, é parte de uma extensa cadeia de ‘negações’, de expressões negativas de identidade, de diferenças”. Assim como a identidade depende da diferença, a diferença depende da identidade. “Identidade e diferença são inseparáveis”.
Na perspectiva de Silva, identidade e diferença são mutuamente determinadas: a diferença que vem em primeiro lugar. Ela não é “resultado de um processo, mas o próprio processo mesmo pelo qual tanto a identidade quanto a diferença (compreendida, aqui, como resultado) são produzidas”. A origem seria a diferença - ato ou processo de diferenciação. Por isso, identidade e diferença partilham uma importante característica: elas são o resultado de atos de criação linguística.
A identidade e a diferença são criações do mundo cultural e social (são criadas por meio de atos de linguagem): apenas por meio de atos de fala que instituímos a identidade e a diferença como tais (e uma das características do signo é que ele seja repetível). Definir nossa identidade, por exemplo, significa utilizar-se de atos linguísticos já institucionalizados para nos “dizermos” diferentes.
No texto “Raça e História”, escrito para a UNESCO, Lévi-Strauss dirige seu pensamento à diversidade cultural, elaborando sua teoria a partir de uma crítica ao evolucionismo. Para o autor, o evolucionismo ocorre porque o Ocidente vê a si mesmo como finalidade do desenvolvimento humano. Isso gera o etnocentrismo, ou seja, o Ocidente vê e analisa as outras culturas a partir de suas próprias categorias.
Lévi-Strauss desenvolve o conceito de diversidade