Professor
Não respondi imediatamente, não podia. Tive de esperar até poder ser sincero. Mas agora respondo, agora sou capaz. Duas semanas atrás, esperando na biblioteca para que os livros chegassem, peguei num livro que se encontrava lá no balcão. Era uma obra de antologia. Não prestei atenção ao título. Contudo, lembro me do nome da autora, acho que era Dorothee Sölle. Comecei a lê-la. Curiosamente, o que li tratava de mim mesmo. Fiquei espantado. Depois de ter lido uma página, fiquei sabendo e compreendi o que está a acontecer comigo. Aliás, o que está a acontecer dentro de mim. Cada frase ressoou na minha cabeça como uma marretada. Entretanto, minutos depois, os meus livros chegaram. Deixei o livro que estava lendo no balcão. Ao sair, repeti algumas palavras ou pequenas frases no grande silencio dentro de mim enquanto procurava um lugar onde pudesse estudar. Coloquei os meus livros em cima da mesa e voltei ao balcão para revisitar o livro. Infelizmente, o livro já tinha desaparecido, e ninguém podia me ajudar a localiza-lo. Gostaria de te dizer como me sinto agora, citando de memória algumas das frases das páginas que li, acrescentando algo aqui e acolá e omitindo muita coisa. É pena que não notara o título do livro.
Não acredites aquilo que vês de mim. Isto é apenas o meu lado de fora, uma aparência, uma máscara. Se olhares dentro de mim, verás o medo, dúvidas, trémulos de incerteza, fantasias negativas sobre mim e sobre os outros também, e ao mesmo tempo verás o grande desejo que tenho em ser reconhecido.
Faço crer como se eu fosse independente, forte, com um carácter firme e confiante. Sim, mas isso é o que se vê, talvez não acredito nisso. Isso não é bom. O sorriso que vês é uma máscara. Quando os amigos fazem