Produção escrita na escola
Um grande número de pessoas, certamente, responderia a essa pergunta dizendo que escrever é fazer narrações, descrições e dissertações, geralmente nessa ordem de aprendizado. Tal resposta baseia-se na metodologia que o professor, no passado, empregava para “ensinar”: ele escolhia um tema para que os alunos escrevessem; levava as redações para casa, corrigia e entregava; as notas boas, o aluno guardava de lembrança; ruins, provavelmente, iam parar na cesta de lixo… Atualmente, nas atividades de escrita, os alunos não fazem mais “redações”, mas “produções de texto”; não se fazem mais narrações, descrições e dissertações, mas se propõem atividades com gêneros textuais. Seja nos livros didáticos, nas capacitações pedagógicas, nos planejamentos, só se fala em “gêneros textuais”. E o vocabulário empregado antes – narração, descrição, dissertação – é substituído por outro, mais “moderno”… O que explica essas mudanças? Elas são fruto dos resultados de estudos científicos na área de linguagem. Na área específica de produção textual, uma das principais constatações foi a de que o texto, falado ou escrito, não é um produto, fechado em si mesmo, mas resultante de um processo que ocorre em determinadas condições de produção, de interação. Além disso, esses estudos comprovaram que dois tipos de fatores agem paralelamente ao ato de escrever: “os fatores sociais (representados pelas práticas de realidade social que cerca o indivíduo) e os fatores cognitivos (conhecimento do mundo, da língua e do tipo de texto).”. Reinaldo (2001, p. 91) O ato de escrever é, ainda segundo esses estudos, um processo constituído de dois estágios: o estágio inicial (A), que antecede o próprio ato de escrever, envolve processos mentais profundamente influenciados pela vivência do escritor, sua ligação com as diversas instituições sociais, seu conhecimento sobre os tipos de textos e suas formas de circulação