Produçaõ de texto: importância e aplicabilidade na prática
Nas duas últimas décadas, a pesquisa a respeito dos processos de aprendizagem da leitura e da escrita vem comprovando que a estratégia necessária para um indivíduo se alfabetizar não é a memorização, mas sim a reflexão sobre a escrita. Essa constatação pôs em xeque uma antiga crença, na qual a escola apoiava suas práticas de ensino. Sobretudo a partir dos anos 80, quando a hegemonia da concepção formalista do ensino da leitura e da escrita passou a ser contestada com o surgimento de teorias inspiradas no sociointeracionismo, na teoria da enunciação e do discurso e na lingüística do texto, desencadeando uma revolução conceitual, uma mudança de paradigma.
[...] nas últimas décadas, é a resposta à pergunta “sabe ler e escrever um bilhete simples?” que define se o individuo é analfabeto ou alfabetizado. Ou seja, da verificação de apenas a habilidade de codificar o próprio nome, passou-se à verificação da capacidade de usar a leitura e a escrita para uma prática social (ler ou escrever um “bilhete simples”. Magda Soares
Segundo essas teorias, a prática lingüística seria uma forma de interação de sujeitos e o texto, o resultado dessa interação. Assim, além das formas lingüísticas, passam a ser estudadas com interesse crescente as relações entre essas formas e seu contexto de uso, suas condições de produção e o processo mental de todos esses elementos pelos sujeitos falantes. Desse modo, o ensino da linguagem, antes conceitual e normativo, passa a ser centrado no uso e no funcionamento da língua enquanto sistema simbólico, situado num contexto sócio-histórico determinado. É a partir dessa compreensão que se formula a expressão “produção de texto”, com a qual se pretende evidenciar o ato, o processo de elaborar um texto.
A noção textual usualmente presente na escola empobrece o trabalho com a leitura/escrita, pelo fato de tratar da mesma forma qualquer texto, desconsiderando suas