procurando trabalho
O mercado manda mesmo? Quem se dedicar hoje a ler todos os livros, manuais e artigos sobre o que é ser um ''bom profissional'' certamente vai desistir de tentar qualquer emprego. Em primeiro lugar, as descrições que encontramos são sempre de ''super-homens'', que nunca têm estresse, não se cansam, são capazes de infinitas adaptações, nunca brigam com a família... Ou seja, não é descrição de gente. Em segundo lugar, o conjunto dessas fórmulas é francamente contraditório. O que uns dizem que é bom outros acham que não. É como se cada autor, cada consultor, cada articulista pegasse uma idéia, transformasse em regra e quisesse aplicá-la a todos os seres humanos, de qualquer sexo e de qualquer cultura. Não é preciso muita sociologia para perceber que esse emaranhado todo, ao pretender indicar o bom caminho para o profissional, desenha uma espécie de ''tipo ideal'' de trabalhador para as necessidades do mercado. E como o próprio mercado é todo cheio de ambigüidades e necessidades que são contrárias umas às outras, o que sobra para nós é uma grande perplexidade.Então que tal parar um pouco de pensar no mercado e pensar em você mesmo? Qual é o''algo a mais'' que você, com sua personalidade, suas aptidões, seu jeito de ser, qual é esse ''algo'' que você pode desenvolver? É preciso saber que formação é a mais adequada para você, não a formação mais adequada para o mercado. As diferentes cartilhas, as diversas teorias, as fórmulas mágicas servem apenas para tentar conduzir todo mundo para o mesmo lugar. O desafio é sair desse lugar e se tornar alguém incomum, de acordo com seus desejos e interesses. Então, não será apenas uma questão de ''empregabilidade'', como dizem, mas de vida.Pode até não parecer, mas nós somos seres humanos, com dignidade. No mercado, há obviamente mercadorias, simplesmente com preço. E fazer o melhor por si mesmo, e não pelo mercado, é algo que não tem preço.
(In: FOLHA DE SÃO