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Seu único livro é composto de cinquenta e oito poemas, escritos quase todos em versos rimados e decassílabos. Tradicional do ponto de vista técnico, o Eu aborda, porém, a temática da podridão, da decomposição, do terror, da morte e do sofrimento. Depois de alguns anos após a sua morte, a obra foi republicada com o acréscimo de outros textos, passando a ser chamada Eu e outras poesias.
Augusto dos Anjos é um poeta que não se encaixa nos moldes de nenhuma escola literária, autor de uma poesia pessimista, mórbida, de imagens impactantes. É parnasiano na forma (soneto, métrica e rima), naturalista no vocabulário (uso de terminologia científica), simbolista na sonoridade áspera de seus versos, decadentista no pessimismo de suas constatações, expressionista pelas distorções e exagero, mas essas classificações não conseguem apreender toda a complexidade de sua poesia. A influência de estéticas do século XIX aproximou-o dos demais autores pré-modernistas, mas a ausência de referências ao Brasil de sua época diferenciou-o deles.
Os poemas de Augusto dos Anjos tematizam a dor de existir e a inevitabilidade da morte. Não se trata, porém, de uma poesia espiritualista, que reflete sobre o destino da alma. Pelo contrário, fixa-se na matéria e no processo de decomposição do corpo. O eu lírico afirma a incondicional podridão para a qual se dirige todos os homens, destino que desqualifica a existência. Augusto dos Anjos via a dor como a essência do mundo e os momentos de prazer, apenas como sua suspensão temporária.
Ou seja: Para o autor, o ser humano está propício ao sofrimento, a dor, a morte ... não há escapatória, os breves momentos de felicidade e de prazer são apenas um