Proceso migratorio
Em virtude dos fatos mencionados somos levados a acreditar que o quadro das migrações se insere no contexto mais amplo da sociedade brasileira e da economia mundial globalizada. O modelo neoliberal adotado pelas elites e pelo governo, subordinando a política e a economia às exigências do capital financeiro nacional e internacional, agrava ainda mais o penoso vaivém de amplos setores da população. Os trabalhadores são impelidos a uma mobilidade freqüente e, ao mesmo tempo, acabam sendo barrados em todo tipo de fronteira. O deslocamento em massa, nos dias atuais, põe a nu uma grande contradição dos chamados países desenvolvidos. Por um lado, eles abrem a porta dos fundos para a entrada de migrantes ilegais, pois necessitam de mão-de-obra fácil e barata para determinados serviços "sujos e mal pagos". Por outro, fecham-lhes a porta da frente, negando a eles os direitos básicos e o estatuto de trabalhadores, à medida em que os mantêm na clandestinidade. Sem documentos, tornam-se vulneráveis a todo tipo de exploração, discriminação e preconceito.
A concentração de renda, por uma parte, e a exclusão social, por outra, agravam ainda mais a instabilidade e a insegurança, tanto em nível nacional quanto internacional. A fome e a miséria levam milhões à estrada, à periferia e às ruas, quando não à desnutrição e à morte! A mobilidade humana hoje converteu-se num fenômeno planetário. Deslocamentos em massa espalham-se por todas as direções do globo.
Na contramão desse modelo, movimentos sociais, entidades e organizações populares vêm apontando soluções concretas. A construção de um projeto alternativo para o Brasil e para o mundo passa, obrigatoriamente, pelas milhares de pequenas iniciativas que já estão em curso. Trata-se de abrir caminhos novos, no sentido de uma economia solidária, justa e fraterna, social e ecologicamente sustentável. Se é verdade que os migrantes e os excluídos carregam sobre os ombros o peso da globalização econômica, também é verdade que