Problema do mal
Adilson A. Koslowski1
Resumo: Este artigo tem como objetivo mostrar a relação entre o problema do mal, o ceticismo e a teodiceia. Sustenta-se que o problema do mal gratuito defendido por William L. Rowe (1979 e 2004) é solucionado pelo ceticismo teísta. Porém, o ceticismo não elimina a possibilidade de uma compreensão externa e interna que tem como objetivo deflacionar o aparente mal gratuito e dar uma solução positiva ao problema, mesmo que parcial. Tal compreensão interna é auxiliada pela Revelação. Argumenta-se que a compreensão interna não é viciosa. Ela será viciosamente circular ou falaciosa se houver um compromisso com pressupostos filosóficos naturalistas. Tal compreensão interna tem defensores como Alvin Plantinga inspirado em Agostinho de Hipona. Palavras-chave: O problema do mal. Ceticismo teísta. Teodiceia. Plantinga.
1. Introdução: dois possíveis anuladores da crença teísta: o naturalismo e a
existência do mal As duas grandes objeções ao teísmo2 são a tese do naturalismo e o problema do mal. Estas duas objeções são potencialmente evidências para a anulação da crença no Deus judaico, cristão e islâmico. Deus é definido nessas religiões como um ser imaterial, eterno, onipotente, onipresente, onisciente e todo bom. Tais propriedades de Deus são consideradas por essas tradições religiosas como transmitidas pela Revelação divina3 aos profetas ou diretamente do próprio Deus, como é o caso da Revelação cristã.
1 Doutor em Filosofia. Atualmente professor de Filosofia na UFS. E-mail: kadilson@ibest.com.br.
2 Teísmo é a crença em um ser imaterial, eterno, onipotente, onisciente, onipresente e todo bom, e se interessa pelos seres que criou, resumidamente, ‘Deus’ em maiúsculo. Por sua vez, teísta é aquele que está comprometido com o teísmo.
O naturalismo é caracterizado como a tese filosófica segundo a qual as únicas coisas que existem são os objetos espaciais e temporais. Portanto, os objetos