Probabilidade e estatistica

O percentual de negros na universidade brasileira ainda é pequeno, em primeiro lugar, porque o Brasil é um País que destinou aos negros, em toda a sua história, desde a colônia até a República, os piores lugares de trabalho e de estudo na sociedade. A universidade sempre foi considerada um espaço das elites, sempre foi um espaço branco, como - de resto - não só as universidades, mas todos os espaços valorados socialmente: os espaços de liderança, os postos de comando, as posições de direção. A universidade foi tradicionalmente no País o lugar de preparo, o locus de educação das elites brasileiras para o governo, para ocupar essas posições de mando. Esse é um dos fatores. Tem poucos negros na universidade porque existe no Brasil, em todas as instituições – a universidade também é assim – o racismo institucionalizado, muito embora não tenhamos tido nunca, no período republicano, o racismo jurídico. Os mecanismos de reprodução do racismo estão postos. Que mecanismos são esses? Uma escola de base de baixa qualidade. No Brasil os negros vão à educação básica na escola pública, onde falta o trato com o jovem, a criança, o adolescente negro, e a sua realidade cultural, étnica e inclusive social. Tudo isso, somado às dificuldades familiares, faz com que as crianças, os adolescentes e jovens negros se evadam da escola. Todos os indicadores educacionais mostram isso: o jovem negro e pobre, diante das dificuldades, acaba saindo da escola. Aqueles que conseguem ascender ao nível médio e concluí-lo, um número baixo quando se compara negros e brancos, vão enfrentar ainda os processos seletivos, que pressupõem qualidade na educação básica. Claro que estes processos são “peneiras” e vão, evidentemente, promover a entrada de jovens brancos, oriundos de classe média e alta, que tem poder aquisitivo para pagar por educação básica e secundária de qualidade. Como o jovem negro não tem condição de pagar a escola privada, ele vai ficar fora da universidade. Temos, no Brasil, esse