PRITCHARD, E. E. Evans. A Noção de Bruxaria Como Explicação de Infortúnios
Edward Evan Evans-Pritchard foi um antropólogo inglês que teve grande participação no desenvolvimento da Antropologia Social, defendendo a importância da prática etnográfica. Abandonou os princípios do funcionalismo para se concentrar na demonstração da racionalidade da cultura subjetiva. Realizou seu primeiro trabalho de campo com os Azande, o que resultou em um doutorado e em seu livro “Bruxaria, oráculos e magia entre os Azande”, publicado em 1930.
O grupo em questão – Zande – é bastante primitivo. Eles adotam um nomadismo esporádico, e têm em sua cultura a forte presença da bruxaria.
Em seu trabalho, Evans-Pritchard descreve sua experiência com essa tribo, mostrando que, diferentemente da maneira como nossa sociedade enxerga a bruxaria, para os Zande ela está longe de ser algo místico ou sobrenatural.
“Quando um Zande fala em bruxaria, ele não fala, como nós falamos, da estranha bruxaria da nossa história. Para ele a bruxaria é um acontecimento comum e raramente passa um dia sem mencioná-la.” (P.2)
Fica bem claro que para a tribo Azande, embora existam diversas classificações dos infortúnios (baseadas nas diferenças dos demais aspctos), o único caráter em comum da bruxaria é a sua nocividade para o homem. No entanto, quando ocorrem situações prejudiciais, eles não ficam intimidados pela ação de forças sobrenaturais, mas sim, ficam extremamente zangados. Isso se deve ao fato de que os Azende não ignoram o conhecimento empírico de causa e efeito. Utilizam a bruxaria apenas para explicar as condições particulares, numa série de causações, que relacionavam um individuo a acontecimentos naturais, de tal maneira que ele sofresse danos. Vale ressaltar que para a tribo, a bruxaria é um assunto demasiadamente generalizado e indeterminado, vago e amplo demais para ser concisamente descrito. Sua filosofia é explícita, mas não é formalmente declarada como doutrina.
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