Primeira república: a belle époque brasileira
No final do século XIX, o Brasil passava por transformações em diversos campos e, de modo particular na política, na economia e na cultura. Depois da abolição da escravidão e da proclamação da República, o país defrontou-se com uma profunda crise de valores, consequência do processo de urbanização, industrialização e instauração do recém adquirido sistema de trabalho livre e assalariado. As mulheres também mereceram destaque nessa conjuntura. Na luta pela emancipação buscaram igualar-se aos homens em relação ao acesso à instrução. Foi sob a égide da Belle Époque que esses interessem se confrontaram e se intensificaram.
A capital da República experimentava novos ares de cosmopolitismo e o anseio por uma sociedade cada vez mais “civilizada”. A elite brasileira, que se incluía no rol de países periféricos em relação ao Velho Mundo, buscava imitar e copiava as referências estéticas, culturais e literárias, que provinham da Europa. Dentre os acontecimentos do período, destacaram-se os movimentos sociais, a vida em sociedade, as novidades na medicina e na astronomia, as realizações da aeronáutica, os novos ambientes de diversão, a reordenação do carnaval e o cinema incipiente. (Costa e Schwarcz, 2000)
Segundo Carvalho (1990), a Proclamação da República é um episódio emblemático da modernização à brasileira. Nas décadas finais do Império, o vocábulo república expandiu seu campo semântico, incorporando as idéias de liberdade, progresso, ciência, democracia, termos que apontavam, para um futuro desejado. À república são associadas às idéias de liberdade, soberania popular, chefe eleito e responsável, talento ou mérito, cidadania, energia, progresso, federalismo, ciência. Enfim, de um lado, o passado; de outro, o futuro idealizado segundo o imaginário da modernidade.
Supunha-se, pois, que a República representava a modernidade que se instalava no país, tirando-o do atraso do Império e da barbárie da escravidão. Assim,