Primeira guerra

A década de 20, em consequência da Primeira Grande Guerra, inaugurou uma nova fase das relações internacionais. A era da ‘diplomacia dos cavalheiros’, em busca do ‘equilíbrio europeu’, havia chegado ao fim. A Revolução Bolchevique na Rússia, marcando a vitória do socialismo marxista, a projeção dos Estados Unidos na ordem capitalista atlântico-ocidental e a crise da hegemonia européia evidenciaram que o mundo não seria mais o mesmo. O socialismo, enquanto projeto alternativo ao capitalismo e baseado na proposta revolucionária de Karl Marx e Friedich Engels, tornou-se realidade. Os ecos da Revolução de 1917 se fizeram sentir nos quatro cantos do planeta, e o socialismo marxista, mais do que uma bandeira de luta, transformou-se em uma das grandes utopias do século XX.
Ao mesmo tempo, a ordem capitalista e burguesa, segundo o projeto liberal, que havia triunfado no século XIX e delimitado as bases do mundo ocidental contemporâneo, já vinha mostrando desde 1870 as suas contradições em um mundo economicamente cada vez mais interdependente. O fluxo universal de capitais, matérias-primas, produtos industrializados e mão-de-obra avançava com o imperialismo e ditava as relações entre os países e entre os próprios homens.
A Primeira Grande Guerra deve ser entendida, em relação aos conflitos bélicos do século XIX, como um conflito de dimensão global, uma vez que não envolveu apenas nações européias, mas também populações e territórios de outros continentes. Ela foi, a princípio, uma guerra civil do capitalismo europeu, tornando-me mundial a partir da entrada dos EUA na guerra. Foi uma guerra imperialista, diante da forte ligação dos Estados capitalistas liberais com os oligopólios industriais e dos conflitos entre as potências pelo ‘espaço vital’ para reprodução do capitalismo. E, também, uma guerra tecnológica, pois envolveu a aplicação intensiva de novas máquinas e de instrumentos de guerra, como o avião de combate, os submarinos, cruzadores e couraçados (guerra