Primavera árabe
Desempregado e insatisfeito com as condições de vida no país, o tunisiano Tarek Bin Tayeb Bouazizi cometeu a autoimolação em dezembro de 2010. Essa acabou sendo a primeira de muitas manifestações contra os regimes autoritários do Oriente Médio e do Norte da África que chamaram a atenção de todo o mundo, e começaram a espalhar-se pela região, dando início à chamada Primavera Árabe.
Em 2011, a violência policial, a censura, as condições precárias de vida, os altos índices de desemprego e a corrupção na Tunísia, na Argélia, no Egito, na Líbia, na Jordânia, em Bahrein, na Síria e no Kuwait levaram milhares de pessoas às ruas, em intensos protestos contra o governo. A onda de revoltas culminou na morte de milhares de manifestantes e a queda de alguns líderes.
Primavera Árabe e a "independência"
Após a independência de algumas regiões do Oriente Médio e Norte da África, manteve-se o modelo colonial, só que com independência política. Inicialmente, foram organizados estados laicos, alguns com forte influência do pensamento marxista. Porém, a elite nativa colonial acabou se perpetuando no poder. Nos Estados mais ricos em matérias-primas, a prosperidade chegou apenas para os detentores do poder. A corrupção e a violência marcaram regimes.
Contudo, toda ditadura tem um prazo de validade, e os regimes existentes nessas regiões expiraram. Como todo acontecimento histórico, foi imprevisto e ninguém conseguiu imaginar a extensão e a profundidade desse movimento. É um daqueles momentos da História em que o poder pela força não é mais suficiente para manter o povo sob domínio. O que estamos assistindo — o povo nas ruas e praças — não deverá se manter quando for estabelecido o novo poder.
Mesmo assim, a tradição democrática é quase inexistente na região. Por isso, a instabilidade política deve marcar a maioria dos países e a instauração de ditaduras islâmicas é muito mais provável do que o estabelecimento de