Priapismo
Rev. bras. hematol. hemoter. 2007;29(3):275-278
Artigo / Article
Priapismo na doença falciforme
Sickle cell priapism
Perla Vicari1
2
Maria Stella Figueiredo
Priapismo é a complicação relativamente freqüente na doença falciforme. Consiste de ereção peniana prolongada e dolorosa, não acompanhada de desejo ou estímulo sexual, usualmente persistente por mais de quatro horas. A disfunção erétil é seqüela comum no tratamento inadequado. A forma típica de priapismo nestes pacientes é a de baixo fluxo, ocorrendo, ainda, a forma de priapismo recorrente ou stuttering. O tratamento inicial para esta complicação ainda não está bem estabelecido. São propostas várias opções medicamentosas, tais como agonistas adrenérgicos, hormônios análogos à gonadotrofina, dietil-estilbestrol, hidroxiuréia entre outras. Nos casos de falha com as medidas conservadoras e medicamentosas, a intervenção cirúrgica, com confecção de shunt cavernoso, é necessária. Este estudo revisa a incidência, patogênese e opções terapêuticas desta complicação na doença falciforme. Rev. bras. hematol. hemoter.
2007;29(3):275-278.
Palavras-chave: Doença falciforme; priapismo; dietil-estibestrol; agonistas adrenérgicos. Priapismo é definido pela ereção peniana prolongada e dolorosa não acompanhada de desejo ou estímulo sexual, usualmente persistente por mais de quatro horas. Esta condição é considerada uma emergência urológica e, infelizmente, a disfunção erétil é seqüela comum no tratamento inadequado.1
Classicamente, de acordo com o grau de oxigenação sangüínea no corpo cavernoso, são descritos dois tipos de priapismo: baixo fluxo (isquêmico) e alto fluxo (não isquêmico).2 Inicialmente descrita por Diggs em 1934,3 a forma típica de priapismo em pacientes portadores de doença falciforme é a de baixo fluxo, podendo ocorrer de modo agudo ou recorrente (stuttering).4 O priapismo recorrente é caracterizado por episódios durante o sono onde não ocorre detumescência