Preço da saúde
GE Vol. 14
Conferência / Conference
O PREÇO DA SAÚDE
PEDRO PITA BARROS
GE - J Port Gastrenterol 2007; 14: 194-198
INTRODUÇÃO A discussão do tema “O preço da saúde” obriga desde logo a realizar algumas distinções. A primeira distinção é entre saúde e cuidados de saúde (nos quais se incluem os cuidados médicos). Embora seja admissível que se possa retirar satisfação da utilização de cuidados de saúde, a principal valorização dos mesmos está na contribuição que dão para a melhoria do estado de saúde. Logo “preço de cuidados de saúde”, que é o que habitualmente se observa, e “preço da saúde” são aspectos distintos. Tipicamente, a “produção” de saúde não tem um preço observável. A saúde é resultado da combinação das características de cada pessoa, do tipo e montante de cuidados de saúde que recebe e do tempo que é usado pela pessoa na “produção” dessa saúde. Inclui-se nesse conceito aspectos como o tempo de internamento necessário para receber cuidados de saúde e recuperar o nível de saúde inicial, ou o tempo de exercício físico para evitar uma deterioração do estado de saúde. O segundo aspecto a clarificar é a diferença entre “preço” e “valor”. Estes são conceitos distintos, embora relacionados. O “preço” designa normalmente o valor da última unidade utilizada ou consumida de um recurso que seja transaccionada num mercado. O termo “valor” é normalmente usado para designar a valorização de todas as unidades consumidas. O preço encontra-se ligado a uma noção de escassez. Esta diferença entre valor de todo o consumo realizado e valor da unidade marginal consumida é facilmente ilustrada pelo paradoxo da água e do diamante. É geralmente aceite que a água é essencial à vida. É geralmente aceite que o diamante não é essencial à vida. Contudo, o preço de um diamante é equivalente ao preço de muitos litros de água. O que explica este paradoxo? O elemento crucial é o valor da escassez – o diamante é mais raro, logo tem um preço maior mas se