preço da liberdade
Fonte: http://revistaepoca.globo.com/ideias/noticia/2012/07/o-preco-da-liberdade.html
Quer comer fast-food? Dirigir um carro poluidor? Comprar munição? Num mundo regido por taxas educativas – a ideia politicamente correta da moda –, você poderá. Bastará pagar, em imposto, pelo impacto de suas escolhas. Faz sentido?
Christine Lagarde, diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), aproveitou a presença de representantes de governos do mundo todo, no Centro para Desenvolvimento Global, em Washington, para falar sobre seu passado como dona de casa. “Há 25 anos, tinha uma babá polonesa. Um dia, cheguei em casa e encontrei as torneiras abertas. Pedi à babá para fechá-las, pois a água custava muito caro, e ela respondeu que na Polônia era de graça.” Christine contou sua história doméstica como argumento em favor de uma ideia que pretende mudar o planeta. Lagarde propôs a taxação de setores da economia conforme seus impactos ao meio ambiente, como complemento ao Protocolo de Kyoto, que estabeleceu metas para os países reduzirem as emissões de gás carbônico.
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Apesar de o Protocolo estar em vigor desde 2005, a adesão não foi ampla (o Brasil não aderiu) e seus resultados são insuficientes para combater o aquecimento global. Na proposta de Lagarde, as empresas pagariam caro pelo uso de fontes de energia com alta emissão de carbono, como o carvão (em 2011, 30% da energia consumida no mundo, o maior percentual desde 1969, segundo um estudo da BP). O efeito positivo seria estimular o consumidor a comprar produtos feitos com energia “limpa”, como a eólica. A cobrança proposta pelo FMI é um exemplo de taxa educativa, uma ideia para regular as relações entre governos e a sociedade que ganha cada vez mais adeptos.
O conceito das taxas educativas foi proposto em 1920 pelo economista inglês Arthur Cecil Pigou, no livro A economia do bem-estar. Pigou percebeu que as relações comerciais envolvem mais que um mero negócio entre