Prestígio da Escrita
Finalmente, com a extinção do tráfico transatlântico para o Brasil, de 1853 a 1888, ano da abolição da escravatura no país, o tráfico interno foi intensificado, ou seja, escravos negros das plantações do nordeste foram levados para outras nas regiões do sul e sudeste (depois ocupadas por imigrantes europeus e asiáticos, calculados, hoje, em mais de sete milhões) e, em direção oposta, do centro-oeste para a floresta amazônica onde os povos indígenas são preponderantes. Sabe-se, por exemplo, que a população escrava da Bahia passou de 500.000 para menos de 180.000 em 1894, com uma média anual, entre 1850-60, de
5.195 indivíduos exportados principalmente para os mercados do Rio de Janeiro e São Paulo, que pagavam por eles qualquer preço, como ocorreu nas regiões de mineração durante o século XVIII ( Em VIANNA
FILHO 1946:59).
Em conseqüência da amplitude geográfica alcançada por sua distribuição humana, o elemento negro foi uma presença constante em todas as regiões do território brasileiro sob regime escravista. Fenômeno semelhante dessa mobilidade humana com sua dinâmica cultural e lingüística ocorre presentemente através das migrações de brasileiros afro-descendentes para os estados industrializados do eixo centro-sul e para as regiões de mineração do norte e centro-oeste, na esperança de encontrarem melhores condições de vida ou a fortuna ambicionada.
Segundo dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, em 1991, por exemplo, dos 3.200.000 de residentes da cidade de São Paulo, cerca de 10% eram nordestinos.
Em que pese a evidência do impacto da herança africana e a sua exploração por todos os meios, o avanço do componente negro-africano na modelação do perfil da cultura e da língua características do Brasil, que não são acontecimentos isolados nesse processo, continua sendo subliminar, graças ao verniz eurocêntrico que lhe é