Presidios
Um ano atrás a CPI do Sistema Carcerário visitou 102 presídios no país, onde viu superlotação, tratamento desumano, pediu o indiciamento de 30 pessoas responsabilizadas pelo caos. Um ano se passou e quase nada mudou. As piores, mas se pareciam com depósitos de gente. Sem contar as que os presos ficavam junto com porcos, as que os presos que estavam doentes encontravam-se na mesma sela do que os que não estavam. Foram Cobrados mutirões jurídicos para retirar da cadeia cidadãos que nem deveriam estar presos, programa de educação e de trabalho, fim das lotações de presos. Fez tudo o que uma CPI precisa fazer. Passaram-se 12 meses e quase nada mudou: não há preocupação em ressocializar os quase 450 mil sentenciados que vão sair, dia mais, dia menos, de trás das grades e estar do nosso lado. “Melhorou a infraestrutura, não o conteúdo. Está é mais superlotado”, diz o deputado federal Domingos Dutra (PT-MA), que foi relator da CPI e se referia ao Presídio Central de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, o número um em relação ás piores penitenciárias.
No início eram 4.235 presos espremidos em 1.565 vagas, passaram para 4.730 em 1.800 vagas. “Eles desativaram a masmorra, o pior pavilhão”, afirma o deputado. Antes, era possível perceber paredes quebradas, cárceres sem portas, sujeira, mofo, privadas imundas. Transferiram os presos para outro pavilhão, mas cada cela com capacidade para quatro homens havia 32. Por volta de 160 estudam e 500 trabalham. “Em média 10% dos presos têm o vírus da AIDS, 5% são tuberculosos. Isto em Porto Alegre, onde a temperatura média de 10 graus nos últimos meses pode favorecer uma epidemia de gripe suína.” Ele foi lá, no início de agosto, ver de perto o que aconteceu depois de um ano. A revista Viver Brasil também foi e não teve acesso. Mas pôde ver o lado de fora do prédio, com roupas dependuradas nas janelas a compor um quadro destoante. Tentou entrevistar os responsáveis pelo presídio e não conseguiu.