Prescriçao medica
QUALIDADE DA PRESCRIÇÃO MÉDICA
Necessidade de mais e melhor investigação
A prescrição de um medicamento é a intervenção terapêutica mais frequentemente utilizada em cuidados de saúde, designadamente, em cuidados primários. No Reino Unido, a prescrição pelos clínicos gerais representou em 2000/2001 cerca de 18% dos gastos globais do serviço nacional de saúde inglês (NHS) [Ashworth M. et al. 2003]. Na Dinamarca 80% das prescrições de medicamentos comparticipados são emitidas por clínicos gerais [Bjerrum L. et al, 2002]. Dados coligidos pela IMS Health mostram que em Portugal os médicos de família são também os principais prescritores e são responsáveis por uma percentagem significativa da prescrição mesmo em áreas de outras especialidades.
A tendência de envelhecimento da população nos países ditos desenvolvidos, o aumento da esperança de vida verificado nos últimos anos, bem como a adopção de comportamentos e estilos de vida pouco saudáveis têm contribuído para um aumento da prevalência de patologias crónicas, como sejam as doenças cardiovasculares e oncológicas. Não é de estranhar, pois, que a polimedicação seja um fenómeno cada vez mais prevalente [Maria V.A. et al. 1988], associado à maior frequência de manifestações iatrogénicas, designadamente interacções e reacções adversas medicamentosas [Lazarou et al. 1998]. O modo como os medicamentos são utilizados tem óbvias consequências para a saúde do indivíduo e das populações e para a utilização eficiente dos recursos de saúde disponíveis. Um assunto que interessa aos decisores políticos, aos profissionais de saúde, aos doentes e ao público em geral. O acto de prescrição de um medicamento pode ser influenciado por múltiplos factores: inerenVasco A. J. Maria, Presidente do Infarmed
N.13 - DEZEMBRO 2005 11
tes ao médico prescritor, inerentes ao sistema de saúde ou inerentes ao doente/consumidor. No primeiro grupo de factores, uma sólida formação pré-graduada na área da farmacoterapia