Preconceito linguisto
Adriano Mascarenhas Lima1
1 Graduando em Letras pela FUCAMP – Fundação Carmelitana Mário Palmério. Contato: adriano_mascarenhas@yahoo.com.br
Em uma sociedade que, pelo menos externamente, abomina o preconceito, é de se espantar que uma das formas desse mal seja tão praticada e propagada na atualidade: a forma lingüística. A gramática normativa tradicional, tratada equivocadamente como se fosse a própria língua portuguesa em si, tem sido imposta como única forma aceitável da língua, dando margem ao severo poder opressor do preconceito lingüístico.
Marcos Bagno, em seu livro “Preconceito lingüístico: o que é, como se faz”, lança luz muito competentemente sobre esse mecanismo de exclusão social, explicitando suas causas e efeitos, ao mesmo tempo em que cientificamente põe em descrédito aqueles que inadvertida e ou insistentemente o cometem.
Para tanto, ele dedica 165 páginas, divididas em quatro partes, à quebra do preconceito lingüístico, primeiro prestando-se à desmistificação deste, em seguida, mostrando suas conseqüências, prosseguindo com elucidações sobre como desfazê-lo, e finalizando com a explicação do preconceito contra a Lingüística e os lingüistas. Ele assume que tratar de língua é tratar de política, e que não há como tratar de política sem se levar em conta uma postura teórica definida, portanto, parcial, e almeja que seu trabalho incite reflexões sobre a intolerância lingüística da sociedade brasileira.
Na primeira parte, a metáfora “mitologia do preconceito lingüístico”, empregada por ele para referir-se ao conjunto de opiniões que sustentam o preconceito, contém uma direta crítica que desta maneira classifica tais posturas como falaciosas, fantásticas. Separando os “mitos” em oito capítulos, Bagno discorre