Preconceito linguistico
Primeiro vamos conhecer o que é esse círculo vicioso proposto por Marcos Bagno. Ele é composto por três elementos: a gramática tradicional, os métodos tradicionais de ensino e os livros didáticos. Bagno costuma denominá-los de “Santíssima Trindade” do preconceito lingüístico,segundo ele, com todo respeito aos seus amigos teólogos. A pergunta é: como se forma esse círculo? Então temos a gramática normativa tradicional que inspira a prática de ensino e, por sua vez, provoca o surgimento da indústria do livro didático, cujos autores -fechando esse círculo-recorrem à gramática normativa como fonte de concepções e teorias sobre a língua.
Essa gramática tradicional continua firme e forte, como podemos verificar nas gramáticas mais recentes. Continua sendo abordada nas escolas, mas a tendência atual, a crítica dos preconceitos e o exercício da tolerância tem tornado o ambiente escolar mais respirável e democrático quanto a isso. O Ministério da Educação tem feito esforços para provocar uma reflexão sobre os temas relativos à ética e à cidadania, para estimular uma postura menos dogmática e mais flexível. Temos que esperar para ver em que medida esses esforços se refletirão na prática quotidiana, efetiva dos professores em sala de aula. Os parâmetros curriculares nacionais (PCN's) reconhecem que existe mesmo muito preconceito decorrente do valor atribuído às variedades padrão e ao estigma associado às variedades não padrão, consideradas inferiores ou erradas pela gramática. Para cumprir bem a função de ensinar a escrita e a língua padrão, a escola precisa livrar-se de vários mitos: o de que existe uma forma “correta” de falar, o de que a fala de uma região é melhor do que a de outras, o de que a fala “correta” é a que se aproxima da língua escrita, o de que brasileiro fala mal o