Preconceito Linguistico
As Variantes Linguísticas
É muito comum nos martirizarmos, quando iniciamos nossos estudos em qualquer língua, em relação a qual é o jeito certo ou errado de dizermos tal ou tal coisa. Parece até automático o processo de correção de expressões que ouvimos ou lemos em quaisquer lugares, como a famosa “eu truxe” dita por uma criança, ou “dá um beijo pra eu”, a que logo a professora acrescenta: “é pra mim” e “eu trouxe”. Todos parecem conhecer o jeito dito certo de se expressar, mas nos resta a impressão de que ninguém sabe falar direito. E a única maneira correta de se dizer ou escrever algo, como soubemos na escola, seria aquela contemplada pela gramática normativa, ou NGB (Norma Gramatical Brasileira). Um primeiro postulado que a linguística demonstrou falso é o de que as línguas se degeneram. As ideias de “maltratar o português” ou mesmo de “manter o purismo da língua”, apesar de ainda difundidas, são extremamente antiquadas, preconceituosas e anticientíficas. Elas datam do século XIX, de quando todas as ciências, impulsionadas pela descobertas de Charles Darwin incorporaram a si o modelo determinista e evolucionista. Nesse espectro, a Língua era vista como um ser vivo que nasce, cresce, se reproduz e, após se degenerar, morre. Daí vieram certos conceitos de que há línguas que precederam outras, e portanto línguas-mães; aquelas originárias destas seriam co-irmãs, e representariam uma degeneração da antecessora. Assim, poder-se-ia concluir que o Português falado hoje é mais “impuro” que o de Eça de Queirós, e que todos deveríamos nos expressar como Machado de Assis, e deveríamos evitar expressões de outras línguas, mantendo a pureza camoniana de nossas origens. Ora, tal absurdo é tão grande que, se fosse mesmo verdade, significaria que devemos esquecer o Português e nos expressar logo em Latim, já que nossa língua,