precisamos falar sobre kevin
Logo depois de começar a leitura, o filme (com a fantástica Tilda Swinton) entrou em cartaz e eu não resisti e fui vê-lo. Fiquei com um pouco de medo que o filme acabasse por tirar o meu prazer na leitura, mas não foi o que aconteceu. O filme é ótimo e é maravilhoso ter uma imagem para encaixar no Kevin (Ezra Miller e Jasper Newell me deixaram sem palavras com a qualidade que impingiram ao personagem), mas nem de longe é tão bom quanto o livro.
Posso afirmar, sem sombra de dúvidas, de que Precisamos Falar sobre o Kevin é um dos melhores livros que eu já li. Não apenas o tema é instigante, como a escrita da autora é eficaz. Não tem sobras cansativas e tampouco trechos apavorados para terminar. Tudo está redondinho, na medida certa. E os personagens....é até difícil falar sobre eles, porque Shriver faz o leitor imergir no mundo de Eva Khatchadourian e não há como ser espectador indiferente. As palavras de Eva penetram além da superfície confortável do leitor.
Eu me senti bastante próxima dos personagens e me identifiquei muitíssimo com Eva. Ela não é perfeita, longe disso, e é consumida pela culpa, mas haverá realmente um culpado nesta história? Além, é claro, de Kevin?
Mas mesmo Kevin, até onde vai a sua culpa? Como odiar um garoto que nunca soube sentir, que sempre olhou o mundo com estranheza, que rejeitou a mãe desde o nascimento e mesmo assim somente com ela sentia-se confortável o suficiente para ser ele mesmo? Um garoto que desde antes de aprender a engatinhar já vivia de enganar as pessoas à sua volta, fingindo uma humanidade que não tinha e uma normalidade que nunca fez parte dele?
Ainda assim, Kevin foi um mostro desde o momento