Precisamos falar sobre Kevin

UnB – IP – PCL – Psicologia da Personalidade. Semestre 2013/02.
Relatório do filme “Precisamos falar sobre o Kevin”

Seria “Precisamos falar sobre o Kevin” mais um filme sobre psicopatia? Acredito ser essa uma análise muito superficial. É a história de uma família destruída pelo silêncio e pela negação da realidade. Trata-se de um filme forte, com cenas sem ordem cronológica, que desde o início leva o espectador a acreditar em um fim trágico. Eva, a protagonista, desde o período da gravidez já mostra sinais de pouco envolvimento emocional com Kevin, o pressuposto psicopata, e seu filho. Do começo ao fim do filme a relação dos dois é marcada pelo distanciamento e rejeição. A mãe não consegue estabelecer um diálogo com o filho. O marido, por sua vez, quase não existe e Kevin, ardiloso como todo psicopata, ganha a confiança do pai, que acredita viver em um ambiente familiar perfeitamente normal. A presença de uma irmã mais nova não muda o quadro. Na verdade, parece que toda a família parece encenar uma peça de ficção e apenas Kevin tem noção da realidade. Ele sabe exatamente o que é e como manipular toda a situação até cometer o ato extremo de matar sua irmã, seu pai e muitos colegas da escola, deixando para a mãe a culpa de tal ato. De quem é a culpa por Kevin ser o que é? Do pai invisível, da mãe perdida ou da criança que nasceu psicopata? O que fez o menino se tornar um assassino em série? Seria a genética ou uma falha do ambiente? Os Behavioristas conseguiriam identificar o passado de Kevin como causador do ato final? Não há uma resposta evidente para tais perguntas, mesmo que o espectador assista ao filme muitas vezes. Na superfície, trata-se de uma família americana aparentemente normal, porém, parece que os problemas mentais ainda são jogados para baixo do tapete. Ninguém quer acreditar que pode gerar um psicopata. Como associar um filho perfeitamente normal à figura de um assassino em potencial? Negamos o fato de que, muitas vezes, a vida