Preciosa, uma história de esperança (resenha)
O filme narra a história de uma adolescente de 16 anos, que convive com o preconceito por ser pobre, negra, semi-analfabeta e obesa, onde aqueles que deveriam zelar pela sua integridade física e sua educação a fazem sofrer diversas privações e humilhações. Agredida não só verbalmente como também fisicamente por sua mãe, violentada por seu próprio pai em uma relação incestuosa, com quem teve dois filhos, sendo uma com síndrome de Down.
Dona de uma imaginação muito fértil, o que mostra ser um dos mecanismos de defesa para a difícil estrutura familiar na qual se encontra inserida.
Ao engravidar pela segunda vez, Preciosa foi expulsa da escola regular e convidada a freqüentar uma escola alternativa, onde ela conhece uma professora que lhe oferece uma educação mais inclusiva e um relacionamento mais próximo e respeitoso, que, juntamente com as amizades estabelecidas, vão auxiliar a tomar um novo rumo na vida.
Pode-se afirmar que esse suporte social fora o alicerce para a reorientação da história de sua vida, dando-lhe os meios e encaminhamentos necessários para enfrentar sua dura realidade.
Apesar das inúmeras adversidades, Preciosa nunca deixou de acreditar em um futuro melhor para si.
No entanto, o desfecho do filme não nos revela uma Preciosa que possa ser identificada com aquela de sua imaginação, famosa e muito amada. Mas sim uma Preciosa que ainda enfrenta diversas dificuldades como cuidar sozinha da filha portadora de Síndrome de Down e do filho mais novo, arrumar um emprego e ter que lidar com os sintomas da AIDS, mas que se sente capaz de dar os primeiros passos, apresentando pequenos progressos que lhe garantirão uma vida mais estável e feliz. Porém, nos convida a encarar a realidade de que, talvez, algumas marcas da violência não possam jamais ser esquecidas.