Pratica e Qualidade
Esta refilmagem do pseudo-clássico com Steve McQueen e Faye Dunaway é amplamente superior ao original. Em primeiro lugar, a mise en scène de McTiernan excede claramente a de Norman Jewison. Nada de split-screen brumoso nem de simbolismo ridículo aqui. O estilo do filme de 1999 é à imagem do seu tema: um jogo de sedução. O cineasta não hesita em ampliar os detalhes provocantes (ha, a introdução da personagem de Rene Russo através de um dolly nas suas pernas, usando cinta-liga e espartilho!). Ele mantém a distância correta daquele que é consciente da vulgaridade do seu material e que aposta nela. É a elegância segundo John McTiernan, o homem que realizou autênticas obras-primas de inteligência filmando Bruce Willis e Arnold Schwarzenegger dizimando terroristas. Os desacertos associados a algumas inegáveis falhas de gosto (alguns planos óbvios, alguns temas musicais estridentes) são insignificantes diante do prazer de se ver absorvido pela fluidez excepcional da mise en scène e por uma intriga diabolicamente manipuladora.
No entanto, o interesse da obra não se limita ao virtuosismo de um metteur en scène performático. Se fosse esse o caso, Thomas Crown - A Arte do Crime seria um filme espertinho, divertido mas inútil. Ora, é um grandessíssimo filme, um dos melhores dos anos 90. Isso porque a prestidigitação roteirística não é uma mecânica separada do resto, pois exprime uma parte da verdade dos personagens; a saber: suas inteligências supremas.
Entre as linhas de sua história de quadro roubado, McTiernan retraça as relações de dois brilhantes quarentões, ainda atraentes porém conscientes que se trata provavelmente da última chance de não terminarem suas vidas sozinhos. É tão discreto quanto comovente, à imagem desse plano que não dura mais do