PRADO JUNIOR
OCUPAÇÃO EFETIVA:
“ NO TERCEIRO decênio do séc. XVI o Rei de Portugal estará bem convencido que nem seu direito sobre as terras brasileiras, funda- do embora na soberania do Papa, nem o sistema, até então seguido, de simples guardas-costas volantes, era suficiente para afugentar os franceses que cada vez mais tomam pé em suas possessões americanas. Cogitará então de defendê-las por processo mais amplo e seguro: a ocupação efetiva pelo povoamento e colonização. [...] ” (Pag.18).
“ Somas relativamente grandes foram despendidas nestas primeiras empresas colonizadoras do Brasil. Os donatários, que em regra não dispunham de grandes recursos próprios, levantaram fundos tanto em Portugal como na Holanda, tendo contribuído em boa parte banquei- ros e negociantes judeus. [...] ” (Pag.19).
“ Assinalei que no Brasil se recorreu, a princípio, ao trabalho dos indígenas. Estes já se tinham iniciado na tarefa no período anterior da extração do pau-brasil; prestar-se-iam agora, mais ou menos benevolentemente, a trabalharem na lavoura de cana. Mas esta situação não duraria muito. Em primeiro lugar, à medida que afluí- am mais colonos, e portanto as solicitações de trabalho, ia de- crescendo o interesse dos índios pelos insignificantes objetos com que eram dantes pagos pelo serviço. [...] ”(Pag. 21). Descreve o período em que o Brasil começou a ser ocupado e povoado. O caráter inicial da nossa formação foi agrícola, em particular voltada para a produção do açúcar. Foram características da nossa agricultura: a escravidão, o latifúndio, a monocultura e a produção voltada para o mercado externo. A grande propriedade se explica pelo fato de o açúcar ser rendoso apenas em grandes quantidades. Valeram-se da mão-de-obra servil pois não se podia empregar mão-de-obra inferior em culturas diversificadas e com alto teor técnico. Assim, toda a costa de presta ao cultivo de cana, com Pernambuco e