Povoamento Inicial Do Continente TANIA LIMA UFRJ MUSEU NACIONAL
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Tania Andrade Lima1
A questão da colonização do continente americano pela espécie humana desperta sempre um particular interesse e exerce um inegável fascínio sobre as sociedades, não só hoje em dia, mas desde que os europeus, aqui chegando no século XVI, encontraram um território já densamente povoado por outras culturas até então desconhecidas.
Sem querer discorrer sobre a força desse tema no seu estreito relacionamento com a questão da nossa identidade e circunscrevendo-o aos seus aspectos mais propriamente objetivos, do ponto de vista científico tanto esse interesse quanto esse fascínio advêm do fato de o povoamento da América ter sido o último grande episódio de colonização do planeta.
Nosso vasto continente foi a derradeira grande massa de terra a ser ocupada pela espécie humana, até então dispersa apenas pelo Velho Mundo, em um movimento que representa a etapa final da longa e bem sucedida história da migração e dispersão do gênero Homo. Uma história que começou no continente africano e se consumou na América, com a ocupação efetiva de todo o globo, uma experiência que se repetirá somente se nossa espécie vier a colonizar um outro planeta.
Este é um dos temas mais debatidos e polêmicos da arqueologia americana. A maioria dos pesquisadores admite a procedência asiática das populações fundadoras, que muito provavelmente teriam penetrado no continente americano pela região de Bering, a rota de entrada inicial mais plausível. Outras, como as vias marítimas, no caso, as transpacíficas ou transatlânticas, que desde o século passado são aventadas e periodicamente voltam à tona, até que possam ser efetivamente comprovadas permanecerão no domínio das conjecturas e das hipóteses pouco prováveis, ao menos no que diz respeito às primeiras levas migratórias.
O dissenso se instala, contudo, quando se discute a época em que teriam ocorrido os primeiros episódios colonizadores. Uma acirrada