potugues

OS SAPATINHOS ENCANTADOS
Era uma vez uma mulher muito bonita que dava estalagem e a todos os almocreves que lá iam perguntava se tinham visto uma mulher mais bonita do que ela. Ela tinha uma filha mais bonita do que ela e tinha-a fechada para ninguém a ver. Disse-lhe um dia um almocreve:
«Ainda agora ali vi uma mulher mais bonita a uma janela a pentear-se.» «Ai! Era a minha filha; pois vou mandar matá-la.»
E mandou dois criados matá-la a um monte e ela dise-lhes que a não matasem, que a deixasem, que prometia não tornar a casa. Os criados tiveram dó dela e deixaram-na. Ela foi indo e chegou a uma sera e viu uma casa; era noite; pediu se a acolhiam e não achou ninguém. Entrou para dentro e fez a ceia, e asim que a acabou de fazer, escondeu-se; nisto chegam ladrões que vinham de fazer um roubo e, depois que viram a ceia feita, começaram a dizer:
«Ai! Quem nos dera saber quem é que fez a ceia. Se por aí está alguém, apareça.» E ela apareceu-lhes e contou-lhes a sua sorte, coitadinha, e eles diseram: «Agora não se aflija; há- de ficar conosco e fazemos a atenção que você que é nosa irmã.»
Daí por diante os ladrões lá iam para os seus roubos e ela ficava sempre; eles estimavam-na muito e tratavam-na. Ia uma velhota a casa da mãe dela que andava sempre em recados por muitas teras e a mãe dela dise-lhe: «Você, como anda por muitas teras, diga-me se já viu uma cara mais linda do que a minha.» E ela dise-lhe: «Vi, vi uma rapariga que ainda era mais linda que você em tal banda.» «Você quando vai para lá? Quero que lhe leve uns sapatos.» E deu uns sapatos à velha e dise-lhe: «Leve-lhos e diga-lhe que é a mãe que lhos manda; mas ela que os calce antes de você de lá sair; eu quero saber de certo que ela os calça; olhe que eu pago-lhe bem.»A mulher levou os sapatos à filha; chegou lá e dise-lhe: «Aqui tem estes sapatos que lhe manda a sua mãe.» Ela dise-lhe: «Eu não quero cá sapatos nenhuns; meus irmãos dão-me quantos sapatos eu quiser; não os quero». A velha ateimou