Positivismo - Resumo
(In: BRAGA, Marco; GUERRA, Andreia; REIS, José Cláudio. Breve história da ciência moderna, volume 4: A belle‑époque da ciência (séc. XIX). RJ, Jorge Zahar Ed., 2008. Cap. 2, p.25‑31)
OBS: Marco Braga e Andreia Guerra são professores de Física do CEFET/RJ – Maracanã.
Desde o século XVIII os filósofos naturais já apontavam para algumas questões metodológicas relativas à construção do conhecimento científico. A negação de explicações baseadas em causas ocultas, não detectáveis pela experiência, era um dos aspectos desses debates. Diversos filósofos naturais denunciavam que essas práticas, consideradas metafísicas, deveriam ser expurgadas da ciência.
Isaac Newton (1642‑1727) foi um dos primeiros filósofos naturais a negar o uso de hipóteses não comprovadas experimentalmente na construção das teorias (hypoteses non fingo). Os filósofos iluministas, herdeiros do pensamento newtoniano, tomaram essa questão como bandeira e passaram a condenar a presença de explicações metafísicas na prática científica, mesmo quando essas hipóteses resolviam alguns problemas básicos da ciência. [...]
No início do século XIX, a questão já ganhava ares de fundamento epistemológico na prática científica. Entretanto, faltava uma reflexão mais elaborada sob o ponto de vista filosófico. Na França, um ex‑aluno da Escola Politécnica de Paris se propôs a tratar do tema.
Auguste Comte (1798‑1857) nasceu em Montpellier, no sul da França. Aos 16 anos, ingressou na Escola Politécnica, criada pelos revolucionários franceses para ministrar uma educação científica básica aos futuros engenheiros. Comte sentiu‑se atraído pelo clima da escola, onde, segundo ele, a comunidade respirava a verdadeira ciência, livre das especulações metafísicas ou teológicas presentes nas universidades francesas. Com as guerras napoleônicas não conseguiu concluir os estudos. Como autodidata, leu diversos autores da época, tornando‑se amigo e auxiliar do filósofo Saint‑Simon (1760‑1825), uma das